quinta-feira, 18 de março de 2010

Filmes em 3D

Cinema 3-D: Desconforto visual, Dor nos olhos e Dor de cabeça
Confira quais são as contra-indicações do cinema 3-D e quais pessoas devem evitá-los – por correrem risco ou porque simplesmente não verão nada
LAURA LOPES para Revista Época

Dor de cabeça, tontura, náusea, dor nos olhos, na testa, desconforto visual, ardência nos olhos e sensação de cansaço. Parecem até sintomas de dengue ou de alguma virose, mas não são. E eles podem evoluir para crises de epilepsia ou labirintite, dependendo do caso. Quem diria que assistir a um filme num cinema 3-D poderia ser tão prejudicial... Mas apenas a quem tem alguma pré-disposição, como ser epiléptico, ter labirintite, sofrer de enxaqueca ou ter insuficiência de convergência (nome dado à movimentação dos olhos para unificar a visão dos dois olhos). Se você for estrábico ou tiver visão alternante (quando a leitura, feita pelo cérebro, da visão de um olho é melhor que do outro) não terá sintomas, mas também não conseguirá aproveitar o melhor do 3-D: quando as imagens parecem saltar da tela. Para esta que vos fala, a experiência no Imax foi catastrófica
Diversão para alguns, desconforto para outros. Você se sente bem depois de uma sessão de 2h30 de cinema 3-D? Dor de cabeça, tontura, náusea, dor nos olhos, na testa, desconforto visual, ardência nos olhos e sensação de cansaço. Parecem até sintomas de dengue ou de alguma virose, mas não são. E eles podem evoluir para crises de epilepsia ou labirintite, dependendo do caso. Quem diria que assistir a um filme num cinema 3-D poderia ser tão prejudicial... Mas apenas a quem tem alguma pré-disposição, como ser epiléptico, ter labirintite, sofrer de enxaqueca ou ter insuficiência de convergência (nome dado à movimentação dos olhos para unificar a visão dos dois olhos). Se você for estrábico ou tiver visão alternante (quando a leitura, feita pelo cérebro, da visão de um olho é melhor que do outro) não terá sintomas, mas também não conseguirá aproveitar o melhor do 3-D: quando as imagens parecem saltar da tela. Para esta que vos fala, a experiência no Imax foi catastrófica, o que motivou esta reportagem.

"Para ter boa percepção do filme 3-D é necessário boa acuidade visual em ambos os olhos, isto é, que o cérebro não se interesse pelas imagens só de um dos olhos, e que haja convergência, ou seja, fusão dessas imagens no cérebro", afirma o oftalmologista Osvaldo Travassos, da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e professor titular da Universidade Federal da Paraíba. Numa sessão em 3-D, duas imagens são exibidas na tela: é como se uma fosse a do olho esquerdo e, a outra, do direito. Sem os óculos, elas ficam sobrepostas, embaçadas. Os óculos fazerem o trabalho dos olhos de convergir as imagens, ou seja, de unificá-las, tornado-as nítidas. Quando o filme lança mão do recurso de três dimensões, exige que os olhos, agora eles, façam tal movimento de convergência (confira no infográfico abaixo). É nos momentos em que o longa mais exige esse exercício que o cinema 3-D se torna mais emocionante – ou, para alguns, vertiginoso.

Se os músculos reto-mediais, responsáveis por esse movimento dos olhos chamado convergência, não estiverem em plena forma, é possível que o espectador saia com dor de cabeça do cinema, principalmente do Imax, onde a tela é muito maior, bem como a imersão na cena. Esse descompasso se chama desequilíbrio no balanceamento ocular, o que não é nenhuma doença grave e pouco interfere na visão do dia a dia, mas pode complicar as visitas aos cinemas. Quem tem esse pequeno problema corre o risco de sair com os olhos vermelhos da sessão: quando um músculo é muito solicitado, ele demanda mais sangue, irrigando mais os vasos e deixando a região vermelha.


Segundo Travassos, outro fator que pode causar sintomas são as cenas que exigem convergência para perto com a focalização dos olhos para longe. "No mundo real, somos acostumados a focalizar um objeto de perto ao mesmo tempo em que os olhos convergem à distancia focalizada. No 3-D há uma dissociação entre acomodação (foco) e convergência", explica o médico. Isso quer dizer que quando focamos uma caneta a uma distância de 40 centímetros, também convergimos nossos olhos para ela. No caso do filme, a mesma cena que salta aos olhos contém imagens desfocadas no segundo plano, as quais nossos olhos tentam focalizar. Esse exercício frequente e descompassado entre focar e convergir pode sobrecarregar a vista, e doer.

"O paciente muito sensível ao movimento e à luz excessiva e com cinetose (aquele que normalmente sente náuseas em viagens de ônibus), pode ter uma crise de enxaqueca no cinema", diz Elder Machado Sarmento, reponsável pelo departamento de Cefaléia da Academia Brasileira de Neurologia. Ele mesmo, ao assistir Avatar em uma exibição 3-D teve náusesas. É a mesma sensação de quem sente enjoo nos brinquedos de alta velocidade em um parque de diversões. "Você tem a sensação de estar em movimento", afirma.



Sintomas:
• dores de cabeça
• náuseas
• tontura
• dores na testa
• dores no globo ocular
• dores na nuca
• ardência nos olhos
• cansaço

Casos mais graves são os de epilepsia e labirintite. Os mesmos avisos que são dados em simuladores 3-D nos parques deveriam ser obrigatórios para o cinema. "A sensação de movimento pode causar crises de labirintite. E existe um tipo de epilepsia desencadeada pela luz, chamada foto-sensível, que deve manter o epiléptico longe do cinema", afirma o neurologista. Não existem contra-indicações muito rígidas quanto ao cinema 3-D, mas esses dois casos devem ser levados em conta principalmente para quem deseja experimentar as salas Imax – por enquanto só há duas no Brasil, em São Paulo e Curitiba.

"Cabe à produção dos filmes em 3-D não explorar muito os efeitos que levam a estímulos de convergência, bem como a desfocalização de planos que representam imagens à distância, luzes intermitentes, estroboscópicas e imagens que passem muito rápido na frente do espectador", afirma Travassos, sugerindo à indústria cinematográfica mais parcimônia ao usar todas os recursos do 3-D.

Se Avatar foi uma revolução no modo de assistir cinema, só atingirá uma parte da população. A outra ainda deverá se acostumar para sentir prazer ao ver os personagens pulando sobre seus colos nos cinemas. Ou, pior: qualquer problema na visão evita que os efeitos sejam sentidos – com exceção para quem usa lentes de correção.

Alerta:
• Epilépticos: existe um efeito chamado nistágmo optocinético que é quando um objeto passa em alta velocidade na frente dos olhos e, sem querer, nossos olhos acompanham o movimento. O filme 3-D explora muito isso com as imagens explodindo e correndo de um lado para o outro. Isso pode causar enjoo e, em maior volume, desencadear a epilepsia. É a mesma causa apresentada por cientistas para explicar a ligação de alguns desenhos animados e videogames com a epilepsia infantil, junto a luzes estroboscópicas.

• Labirintite: a sensação de estar no meio da ação do filme, ou em movimento, pode causar crises da doença.
• Enxaqueca: luzes piscantes e muito movimento levam a dores de cabeça intensas e enjoo, principalmente para quem já tem histórico de enxaqueca.

• Qualquer problema na visão: se a pessoa não tiver boa visão em um dos olhos, ou nos dois, não poderá assistir ao 3-D, cuja tecnologia depende do uso simultâneo (e, portanto, da boa saúde) dos dois olhos. Se a pessoa enxergar só com um deles, ou for estrábica, também não deve ir ao cinema.

• Pessoas que usam lentes de contato ou óculos devem usá-los durante a sessão de cinema, sob os óculos 3-D

Um comentário:

  1. Puxa, que bom! Eu nunca gostei dos 3D, nem vejo nada saltando e eu parecia uma idiota quando falava para os outros, valeu!

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