O GLOBO | 18/05/2010
PATRICIA KONDER LINS E SILVA
Volta e meia publicam-se avaliações de métodos pedagógicos, o que é interessante para a sociedade.
Mas alguns esclarecimentos são necessários porque, em uma era de grandes transformações, a dificuldade de lidar com mudanças pode causar forte reação de apego a referências antigas.
A comparação de escolas tradicionais com posturas construtivistas não se sustenta porque parte de visões de mundo muito diferentes.
O construtivismo na escola tem origem numa epistemologia, num pensamento filosófico que gerou diferentes interpretações para aplicação pedagógica, todas tendo como foco a aprendizagem do aluno.
As chamadas escolas tradicionais propõem diversos métodos para ensinar.
O ensino da escola tradicional é hoje universalmente questionado porque, embora possa parecer que os métodos facilitam o ensino, nenhum deles resolve a questão da aprendizagem do aluno pois limita a capacidade de compreender e refletir e não o prepara para os desafios da realidade atual.
Há escolas que acreditam que a reprodução de determinados conteúdos é conhecimento suficiente e há escolas que reconhecem a inteligência humana como característica a ser desenvolvida e propõem uma pedagogia que imerge o aluno no exercício da capacidade de pensar. Simplificando: há escolas que ensinam e há escolas que ensinam a aprender. E aprender é para a vida toda.
Hoje o aluno precisa aprender a descobrir o conhecimento no turbilhão de informação encontrado na internet. Não basta o que recebe por doação de um professor. O aluno precisa aprender a solucionar problemas e não aprender soluções prontas. Precisa aliar o desenvolvimento moral ao intelectual. E, ainda, precisa se preparar para enfrentar discussões éticas, epistemológicas, culturais, sociais. O papel do professor é orientar o acesso dos alunos ao acervo cultural da Humanidade para propor a reflexão sobre o que aprende, incentivar o desenvolvimento da capacidade de pensar e cuidar da formação para a cidadania.
A escola para os dias de hoje é muito difícil para o aluno e muito trabalhosa para o professor, mas é a que é necessária para os que vão viver sua vida adulta durante o século 21.
Uma interpretação construtivista encoraja a pedagogia da inteligência, que forma os jovens para pensarem de modo autônomo, para que reconheçam o valor do conhecimento, para o enfrentamento dos debates sobre as questões éticas que serão preponderantes neste século como consequência das revoluções científicas em curso - a revolução biomolecular, a revolução quântica e a revolução da inteligência, todas com a potencialidade de romper os fundamentos da vida e da matéria. É um direito das gerações serem preparadas para o seu tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário