Para quem diz que "filho não vem com manual." Dicas de mães sobre quase tudo. Diversão, alimentação, educação, vestuário.... a complexidade do assunto traz uma lista sem fim de assuntos a serem tratados.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Como seu filho vê você?
Pais negligentes:
Esses pais representam um problema e tanto. Quem não tem disposição de corrigir comportamentos inadequados ou de se dedicar aos filhos pode ter dificuldade para criar e manter vínculos afetivos, ou seja, entregar-se às relações e amar com intensidade. Mesmo quando ficam em casa, com a família, os desligados parecem não estar ali de corpo e alma: assistem televisão, falam ao telefone – fazem de tudo, menos interagir de verdade. Normalmente, até vêem as necessidades materiais dos pequenos, mas não a carência de afeto. Seu slogan é: “Agora não, estou ocupado”.
Como Ficam os Filhos
Como não se sentem amados para valer, tendem a não se valorizar, o que vira sinônimo de baixa autoestima. Além disso, a falta de demonstrações de afeto e de uma presença mais marcante dos adultos é capaz de torná-los sérios candidatos a desenvolver depressão e distúrbios de ansiedade. É provável ainda que tenham dificuldade em manter relaciona mentos caso acabem copiando, sem perceber, o modelo paterno ou materno.
A Opinião dos Especialistas
Em primeiro lugar, esses pais devem tentar fazer parte da rotina das crianças e se interessar mais pela vida delas. Que tal conhecer os amigos, levá-las à escola e sugerir passeios? São boas maneiras de reforçar os laços afetivos. “Deixar claro o
que se espera deles, tanto em relação ao desempenho na escola como ao comportamento, é outro modo excelente de mostrar que se importa com os filhos”, acredita a filósofa e educadora Tânia Zagury, do Rio de Janeiro
Pais permissivos:
Esses pais não se sentem preparados para educar os pequenos e não têm certeza sobre as melhores atitudes a tomar em cada situação. Por isso, cedem à pressão do momento. Em geral, trabalham muito e, quando estão em casa, querem compensar a ausência com o excesso de mimos. Alguns passaram por privações na infância e desejam oferecer à família tudo o que não tiveram. Não é raro que dêem o carro nas mãos do filho de 16 anos ou permitam que uma menina de 12 fique na rua até tarde.
Como Ficam os Filhos
Tanta paparicação pode deixar a autoestima elevada até demais. Os pais devem tomar cuidado para não acabar, sem querer, criando indivíduos que se acham melhores do que os outros, o que dificulta as relações sociais e a evolução profissional no futuro. Afinal, quem se considera um suprassumo não costuma reagir bem a críticas, inevitáveis no mundo do trabalho e nos relacionamentos. A falta de regras de conduta é capaz ainda de fazer com que não respeitem o espaço alheio nem sejam responsáveis.
A Opinião dos Especialistas
Antes de tudo, esses pais precisam trabalhar a culpa de não poder estar sempre em casa pilotando a vida das crianças. “É muito comum que eles tenham a sensação de que não devem disciplinar os filhos no pouco tempo de que dispõem”, afirma Tânia Za gury. “O problema é que assim acabam não preparando as crianças para enfrentar a vida”, alerta a psicóloga Maria Cristina Capobianco, do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo.
Pais participativos:
Fazem questão de estar presentes no dia a dia da criança e de expressar seu amor com afagos e elogios. Também sabem pôr limites: estabelecem regras, explicando-as de forma clara e, em alguns casos, até abrem espaço para a negociação, pois gostam de ouvir as ideias dos filhos. Transmitir valores faz parte do repertório deles. São pais que, por exemplo, não jogam lixo na rua, olham todos de igual para igual, independentemente da condição social, e, assim, ensinam atitudes de respeito e responsabilidade.
Como Ficam os Filhos
Geralmente, têm facilidade para fazer amizade e lidar com as diferenças, pois aprenderam a considerar a opinião alheia. Também demonstram capacidade de se colocar no lugar do outro e tendem a ser afetuosos e sinceros. Além do mais, como ouviram alguns “nãos” necessários durante a infância, quando se tornam adultos entendem que a vida não é feita só de alegrias. Assim, conseguem passar por frustrações, inevitáveis para todo mundo, sem fazer disso uma tempestade.
A Opinião dos Especialistas
Embora não exista uma receita para educar os filhos, a postura que combina participação, carinho e limites é apontada pelos especialistas como a mais adequada para uma formação saudável. “O mais importante é que os pais sejam capazes de demonstrar afeto e de se envolver na vida das crianças sem abrir mão de mostrar objetivamente o que é tolerado ou não. Essa é a melhor maneira de educar”, diz Lidia Weber, autora de Eduque com Carinho
Pais autoritários:
Controlam com mão de ferro a rotina da casa, ditam regras e gostam de mandar mesmo nas horas de lazer. Se a família vai almoçar fora, eles escolhem o restaurante e até o prato de cada um sem perguntar se todos estão de acordo. Beijos e abraços são raros, pois imaginam que as demonstrações de afeto “estragam” os pequenos. Suas frases favoritas são: “Você vai fazer isso porque estou mandando” e “Engula esse choro agora”. Foram educados assim e pretendem repetir o modelo com a nova geração por acreditar que, se funcionou para eles, vai dar certo de novo.
Como Ficam os Filhos
Em geral, tendem a ser submissos, já que temem as poderosas figuras paternas, e podem ter dificuldade em soltar as asas e deixar fluir a criatividade. Outra possibilidade é se tornarem pessoas bastante tímidas. Aqueles que assimilam a cara feia dos pais correm o risco de ficar agressivos, brigando com todo mundo – primeiro na escola e depois, já mais velhos, no trânsito, no trabalho, com a mulher, os filhos...
A Opinião dos Especialistas
Essa atitude pede ajustes urgentes. O ideal é tentar dialogar mais com as crianças e abrir espaço para que elas possam se expressar. Vale a pena também investir em carinhos e elogios. Outro ponto importante é repensar as exigências. Quando os limites são colocados como barreira, atrapalham a conquista da autonomia, colaborando para a formação de pessoas com pouca iniciativa”, adverte o filósofo e educador Mario Sergio Cortella, professor da PUC-São Paulo.
Fonte: Claudia/julho 2010
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