SEIS MESES
O bebê de seis meses quer sentar-se e ver o que passa e quer, acima de tudo, apoderar-se de qualquer objeto (uma peça de roupa pode servir) que ele seja capaz de manusear, de levar à boca e de bater com ele. Não são necessários brinquedos caros e complicados. Nunca está ocioso, porque sente uma necessidade compulsiva de se servir das mãos para manusear e explorar.
Essa ânsia de manusear é tão grande que é capaz de brincar sozinho, feliz da vida, durante curtos períodos de tempo. Nessa altura, devemos deixá-lo entregue aos seus planos. É característico dele ser tão independente como sociável. Irá manifestar uma independência análoga, em um nível mais elevado, quando estiver na fase de andar daqui para ali, aos 18 meses.
O bebê de seis meses apresenta uma mistura de versatilidade e de incapacidade. É largamente superior ao bebê de 16 semanas no conjunto dos olhos e das mãos; mas encontra-se ainda à beira das capacidades que virão a amadurecer durante o resto do seu primeiro ano. Está perto de se sentar sozinho; quando chegar a 1 ano, pôr-se-á, sozinho, de pé. É capaz de segurar dois objetos, um em cada mão; a seu tempo, será capaz de os juntar. Vocaliza grande diversidade de vogais e consoantes que em breve ganharão o estatuto de palavras. Através de incessantes manuseamentos e de levar à boca um grande número de objetos, adquire um cabedal de percepções que fazem-no sentir-se mais à vontade no seu ambiente físico. Acumula também um tesouro de percepções sociais; interpreta as expressões faciais, as atitudes posturais e as idas e vindas da rotina doméstica. Estas percepções sociais não são ainda muito complexas, mas são apuradas; são esquematizadas; e são essenciais ao continuado desenvolvimento da sua personalidade.
Nesta idade, as capacidades da criança acham-se relativamente equilibradas. Os esquemas de comportamento estão bem focados; os seus interesses são equilibrados; é, ao mesmo tempo, independente e sociável; alterna, com facilidade, uma atividade espontânea relacionada consigo mesmo e uma atividade de relações sociais. Gosta de ficar sentado (com apoio), mas sente-se igualmente bem deitado de costas. Gosta de manusear brinquedos, mas qualquer objeto lhe serve; e governa-se mesmo sem objeto nenhum, pois, então, entretém-se deslocando a mão dentro do seu campo de visão, pelo simples prazer (e valor educacional, também) de vê-la mover-se. Tudo considerado, as suas características de comportamento contrabalançam-se bem. Mas as tendências do desenvolvimento em breve irão desviá-lo desse comparativo equilíbrio, enquanto ele for abrindo caminho para níveis mais altos de maturidade.
Fonte: GESSEL, Arnold. A criança do 0 aos 5 anos. 6.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
GESSEL, Arnold, A criança dos 5 aos 10 anos. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
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