SETE ANOS
A idade de sete anos não é exceção à regra de que cada novo período etário traz acentuadas mudanças em comportamento (assim como muitas novas realizações). A criança de seis anos é tipicamente atrevida e agressiva, pronta para aventura nova, falsamente segura de si. Enfrenta situações novas diretamente. Houve encrenca no recreio? Ela fica e briga. Alguém tentou tomar alguma coisa dela? Ela luta pelo que é seu.
As coisas são muito, mas muito diferentes aos sete anos. Embora aos sete anos, como em qualquer outra idade, haja momentos de exuberância, segurança e felicidade, é uma idade mais retraída. A criança de sete anos em muitos sentidos acalmou-se e é mais fácil viver com ela. Mas ela tem mais probabilidade de queixar-se do que de rejubilar-se. Tende mais a retirar-se de cena resmungando do que a ficar e exigir o que é seu. Tem sido, com justiça, descrita como taciturna, melancólica e caprichosa.
A criança de sete anos não apenas se retira de combate, mas parece naturalmente retirar-se de outras pessoas. Gosta de estar sozinha. Quer um quarto só para si, onde possa retirar-se e proteger suas coisas. Gosta de observar, de ouvir, de ficar na orla de qualquer cena. É grande telespectador e ouvinte de rádio, possivelmente um grande leitor. É quase como se estivesse construindo sua noção do eu, olhando, observando, ruminando.
Mas suas mãos são também muito atarefadas, tocando, explorando, tateando tudo aquilo com que entram em contato. Ela tem um desordenado amor por lápis e prefere o claro e definido traçado do crayon colorido. Seu intelecto está em ascendência. Ela é mais discriminativa e refinada no que vê e no que faz.
Muitas vezes, exige excessivamente de si própria. Tem consciência da tarefa, mas nem sempre é capaz de completá-la. Tende a continuar por muito tempo e depois tornar-se exausta de repente. Precisa ser ajudada para definir pontos de parada. Tem seus dias bons e seus dias maus; os dias de alta aprendizagem e os dias em que esquece tudo. Uma professora consciente modificará seu alimento intelectual nesses diferentes dias. E uma mãe sensata manterá o filho em casa se o dia mau dele começa assim que sai da cama, como sempre acontece.
Por um breve período, a vida pode, para algumas dessas crianças, ser colocada decididamente em tom menor. Nesses tempos, a criança de sete anos tende a sentir que as pessoas são contra ela, não gostam dela, estão perseguindo-a. As outras crianças trapaceiam; a professora persegue-a na escola. Mesmo seus pais são injustos. Embora só algumas cheguem ao ponto de imaginar que são adotivas, essa fantasia ocorre de vez em quando e tipifica a atitude de “ninguém gosta de mim” da criança de sete anos. Se sua família é muito “ruim” com ela, ela pode ameaçar fugir. Não devido à expansiva exuberância que, às vezes, arrasta a criança de quatro anos para o mundo, mas simplesmente para escapar da intolerável perseguição que pensa ser seu destino.
Mesmo a expressão facial de algumas crianças de sete anos pode revelar sua insatisfação com a vida. Seus lábios podem curvar-se para baixo em uma permanente expressão de amuo.
Embora a criança de sete anos tenda a ser menos feliz e satisfeita do que seus pais gostariam que fosse, seus dias bons aumentam firmemente à medida que se torna mais idosa, seu cansaço diminui e ela, aos oito anos de idade, estará pronta para a maior parte das coisas.
Os pais da criança de sete anos precisam seguir um rumo delicado entre mostrar razoável simpatia pelas numerosas queixas que ela apresenta e, apesar disso, não levar essas queixas muito a sério (embora dores de cabeça precisem ser investigadas). A professora provavelmente não é tão injusta quanto a criança diz; as outras crianças não são tão atrozes; os irmãos e a irmãs não são tão maldosos..
OITO ANOS
A criança de sete anos retira-se do mundo, mas a de oito, sai para enfrentá-lo. Nada é difícil demais para a criança de oito anos, em sua própria avaliação. Nenhuma tarefa é tão formidável a ponto de não poder ser empreendida. Nenhuma distância é grande demais para ser coberta por ela. De fato, para a criança mediana de oito anos, o novo e difícil é um excitante desafio que ela tende a enfrentar com grande animação. Com frequência, ela superestima sua própria capacidade de enfrentar esse desafio.
Nem sempre leva até o fim suas atividades. O impulso de energia e entusiasmo com que empreende cada nova tarefa pode ser seguido por malogro, desencorajamento e mesmo lágrimas se seu malogro é mencionado. Mas isso não a impedirá de começar alguma outra coisa nova – no dia seguinte.
Descrevemos muitas vezes a criança de oito anos como expansiva e veloz. Ela parece achar difícil ficar fora de contato com qualquer parte de seu ambiente. Por isso está constantemente atarefada e ativa, constantemente gozando de novas experiências, constantemente experimentando novas coisas, fazendo novos amigos.
Em todos os sentidos, a criança típica de oito anos percorre muito terreno. Com sua característica velocidade, percorre-o rapidamente. Mas, infelizmente, com seus recém-aumentados poderes de avaliação, ela pode reconhecer seus fracassos excessivamente freqüentes. Então, lágrimas e autodepreciação! “Eu sempre faço as coisas errado!” “Nunca faço nada certo!” Com sua tendência a dramatizar tudo, às vezes desconfiamos que ela, em certo sentido, se regozija até mesmo com fracassos ou, pelo menos, faz uso deles.
Apesar de todo seu atrevimento e jactância, ela é muito mais sensível do que se poderia esperar. Precisa de proteção tanto para não tentar coisas demais como para não ter excessiva autocrítica quando encontra o fracasso.
Por isso, quando seu bom começo é seguido, como frequentemente acontece, por um mau final, ajudem-na a não ter um sentimento de fracasso grande demais. Planejem com ela uma época futura, quando se sairá melhor ou não escolherá para si própria uma tarefa quase impossível.
A criança de sete anos era muito preocupada consigo mesma e com a maneira com a qual outras pessoas a tratavam. A de oito anos vai mais longe do que isso em seus entendimentos com os outros. Agora, ela está interessada não apenas na maneira de as outras pessoas a tratarem, mas em seu relacionamento com os outros. Está pronta a ter - e deseja ter - uma boa relação bilateral. Além disso, o que a preocupa não é só aquilo que as pessoas fazem, mas também aquilo que pensam. Tem mais para dar às pessoas do que tinha antes, mas também espera mais delas. Com a mãe, especialmente, a criança de oito anos deseja e reclama um relacionamento compreensivo e estreito.
A criança de oito anos, em seu universo expansivo, dá-nos mais do que uma sugestão da espécie de pessoa que será mais tarde.
Fonte: GESSEL, Arnold. A criança do 0 aos 5 anos. 6.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
GESSEL, Arnold, A criança dos 5 aos 10 anos. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Eu adorei é bem isso mesmo meu pequeno está com 8 anos é carinhoso e muito amado.Obrigado por esclarecer minhas duvidas bjos Lu
ResponderExcluirolá, adorei seu blog. Tenha uma filha de 7 anos - completará 8 agora em março de 2013 - ela é muito atrevida, agressiva, respondona, sempre faz aquele ar de desdém, dar de ombros qdo é contrariada, como se quisesse mostrar q ñ está nem aí. Nunca fica calada qdo falo, reclamo ou chamo sua atenção em algo errado; muitas vezes preciso gritar, mas nem assim resolve.Na maioria das vezes fico sem paciência com ela, pois ñ suporto crianças assim...ñ sei o q fazer. Sou separada e a educo sozinha desde q nasceu. Eu trabalho o dia td, ela estuda pela manhã e a tarde fica no trabalho comigo, é um caos na maioria das vezes, pois ñ posso dar atenção a ela.Preciso trabalhar e ñ tenho nenhum fsmiliar perto para deixá-la; tb com o que ganho, ñ posso colocá-la em alguma atividade extra pra ela tentar relaxar tb. Sei q ela vive sufocada com essa vida q ela tem de uma mini adulta, mas o q posso fazer. Alguém pode ajudar ... eu agradeço.
ResponderExcluirOi amiga , vc não pode fazer nada , não se culpe , pois nós que somos mães tentamos abraçar o mundo , mas isso é impossível , não se esqueça não somos mulheres maravilhas mas somos maravilhosas
ExcluirKKKKK...Descreveu a minha filha!!!Muito bom, parabéns pelo blog!
ResponderExcluirju, sua pagina está no Google. que chique...
ResponderExcluirMinha sobrinha que fez 8 anos em maio/13 é igual a sua filha.
ResponderExcluirpreciso de ajuda.Meu filho tem 7 anos vai completar 8 em setembro.Mas estou achando ele com um comportamento estranho.ele brinca com meninos e meninas normal.mas acho ele muito delicado. o quefazer ???qual idade para identificar homosexualidade??
ResponderExcluirTe entendo, já vi meninos que demonstram um comportamento mais feminimo. Minha sugestão é você procurar um terapeuta para te ajudar. Muitos aceitam plano de saúde. Muitos aspectos podem estar envolvidos nesse comportamento.
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